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DE 20/05/2015 Á 27/05/2015

Esse Trabalho de Campo foi realizado com os alunos de graduação em Ecologia da UNESP de Rio Claro pela disciplina de Ecologia de Populações. Foi uma viagem de sete dias onde os alunos aprenderam como documentar seu campo em uma caderneta de forma científica e profissional. As atividades foram realizadas em  vários locais e cidades do Sul Matogrossense, tiveram a oportunidade de conhecer a transpantaneira Norte e Sul, além da Serra da Bodoquena, Serra do Maracaju e Maciço do Urucum. As atividades eram todas realizadas ao longo de estradas de terra, com exceção do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, onde tiveram a oportunidade de subir até o Afloramento de calcário "Dente de cão", para isso, tiveram que percorrer alguns quilômetros dentro de trilhas e mata fechada guiados por um guia local indígena e o diretor do Parque. As atividades eram todas monitoradas por alunos do curso de Ecologia e Biologia que já fizeram esse Campo, o professor responsável pela disciplina designava as atividades a serem realizadas durante todo o Trabalho de Campo. Ao final dos dias de atividades, os alunos passavam a quantificação de fauna para planilhas salvas em computadores e entregavam suas cadernetas de campo para serem avaliadas pelos monitores.  

 

O primeiro dia do trabalho foi na Serra da Bodoquena, os demais foram em estradas de terra em diversas cidades. Nas estradas de terra os alunos andavam alguns quilômetros por dia, descrevendo a paisagem e relevo, anotando e quantificando a fauna, pricipalmente avifauna avistada ao longo de todo o caminho, coletas de formigas também foram realizadas enquanto os alunos andavam nas estradas. O método de andar ao longo de estradas anotando e quantificando a fauna é chamado de transecto, transectos motorizados também foram realizado quando os alunos entravam no ônibus para voltar até a pousada onde estavam hospedados ou para ir para outras cidades.

 

Sobre os métodos utilizados durante o Trabalho de Campo ...

 

Coleta de formigas:

Esse experimento, realizado no campo do Pantanal, consistia em distribuir 10 tubos, contendo um pedaço de isca (no caso nós utilizamos salsicha enlatada), na estrada, sendo que ficavam 5 tubos de um lado e 5 do outro (paralelamente), estes ficavam a uma distância de 10 passos largos um do outro (aproximadamente 1m). Após colocar o último tubo, marcávamos 10 minutos no relógio, então passávamos recolhendo-os e fechando-os com um pedaço de algodão, de modo que as formigas que estivessem dentro do tubo, permanecessem ali. As formigas coletadas eram levadas até a nossa base que ficava na Pousada Pioneiro no município de Miranda, posteriormente seriam identificadas e catalogadas pelo Professor responsável da disciplina.

 

Transecto motorizado:

Era realizado com o ônibus, a uma velocidade constante, de aproximadamente 80km/h (tal valor podia variar, dependendo do trecho da rodovia, se era asfaltada ou não, etc.). A turma foi dividida em dois grupos, um ficava sentado do lado direito do ônibus e o outro ao lado esquerdo (tendo o motorista como referência).
O objetivo era observar e anotar características do tempo, características da vegetação e do relevo, as mudanças que ocorriam nos diferentes estratos, identificar e quantificar toda a fauna que era avistada, além de qualquer informação que fosse julgada relevante.

Este método permite que seja coberta uma grande área, porém com uma menor riqueza de informações, por exemplo no caso de identificação de aves, que as vezes só é possível identificar até a família, ao invés de chegar na espécie.

 

Transecto a pé:

Caminhadas realizadas a uma velocidade constante. Durante o percurso eram observados os dois lados da estrada, e anotávamos informações do tempo, relevo, características da paisagem, além de informações relevantes. Além de identificar e quantificar toda a fauna avistada.

 

Tal método nos permite cobrir uma área menor, porém com uma riqueza de detalhes maior, já que muitas vezes ficamos mais próximos da fauna avistada e podemos também utilizar binóculos, deste modo é possível identificar características mais especificas que nos auxiliam para identificação das espécies.

 

Ponto fixo:

Ficar no mesmo local, por cerca de 15 minutos. Descrevendo a paisagem e relevo no primeiro momento, depois observamos a fauna que aparecer, identificando e quantificando-a.

Este método também permite uma maior riqueza de detalhes, por termos mais tempo para realizar as observações de um mesmo indivíduo, e assim identifica-lo corretamente.

 

Fauna atropelada:

Uma dupla ficava sentada nos dois primeiros bancos do ônibus, onde a visão da rodovia era melhor, anotando, identificando e quantificando toda a fauna morta (atropelada, provavelmente) que era encontrada.

 

Um pouco sobre a fauna avistada:

A fauna Pantaneira é, provavelmente, a fauna mais rica do planeta. Há aproximadamente 650 espécies de aves; nestes 7 dias em que estivemos lá, tivemos a oportunidade de ver mais ou menos umas 100 espécies, nem todas puderam ser identificadas, mas dentre as quais pudemos identificar estavam às araras azuis - Anodorhynchus hyacinthinus, espécie ameaçada de extinção; Arara vermerlha - Ara chloropterus, tuiuiús - Jabiru mycteria, tucanos – Ramphastos toco, periquitos-rei - Eupsittula aurea, Garças – Egretta thula e Ardea alba, Aracuã do Pantanal – Ortalis canicollis, socós - Tigrisoma lineatum, Jaçanãs – Jacana jacana, emas – Rhea americana, Carcarás – Caracara plancus, Curicacas - Theristicus caudatus, gaviões velhos – Busarellus nigricollis, dentre outros. Além das aves, que foram um dos nossos principais focos a serem observados no Pantanal, contam-se mais de 80 espécies de mamíferos no Pantanal, tivemos o privilégio de ver alguns, cruzando o caminho pelo qual estávamos seguindo, em árvores, e infelizmente, muitos atropelados pela estrada, tivemos a oportunidade de ver muitos Tamanduás Bandeira - Myrmecophaga tridactyla, Bugio preto - Alouatta caraya cotias - Dasyprocta aguti, capivaras - Hydrochoerus hydrochaeris, Veado mateiro - Mazama americana, duas antas - Tapirus terrestris, provavelmente mãe e filhote, quando não os víamos, eles deixavam seus rastros, haviam muitas pegadas pelo caminho, de todos os tamanhos, formas... algumas identificamos, como as de anta - Tapirus terrestris, Veado mateiro - Mazama americana, Mão pelada - Procyon cancrivorus, Onça Parda - Puma concolor e Onça pintada - Panthera onca, Jacarés - Caiman yacare nos corixos que cruzamos... Nas áreas onde eram mais alagadas, também tínhamos a presença das libélulas de várias cores nos acompanhando pelo caminho, além dos pernilongos que estavam sempre marcando presença.

 

Conhecendo um pouco sobre a cultura local ...

Além de todas atividades realizadas no que se trata da área de biológicas, os alunos no último dia tiveram a oportunidade de conhecer um pouco sobre a cultura local, onde a reponsável pela pousada os presenteou com uma festa com comidas e bebidas típicas do local. Indígenas e boiadeiros foram convidados para contarem um pouco sobre sua vida e cultura pantaneira. Uma das bebidas da cultura pantaneira é o Tereré, espécie de chá gelado, muito comum entre os boiadeiros quando saem para levar as comitivas de gado. O contato com a cultura local agregou mais valores na formação acadêmica dos futuros ecólogos brasileiros.  

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